sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Impressões sobre “O filho do Brasil”

Por Jaime Mitchell
O Teatro Guararapes, no Centro de Convenções que fica em Olinda, lotou para assistir a pré-estréia de “Lula – o filho do Brasil” na noite de ontem. O filme conta a história do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde a sua infância no interior de Pernambuco até a fase adulta em São Paulo. O local comporta em torno de 2.500 pessoas. As atrizes Glória Pires, Cléo Pires e Juliana Barone estiveram presentes juntas com os atores Felipe Falanga, Guilherme Tortolio e Rui Ricardo Diaz que interpretam o presidente na infância, adolescência e na fase adulta respectivamente.
O governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos e os prefeitos de Recife e Olinda, João da Costa e Renildo Calheiros também foram ao Centro conferir a história de Lula. Em 2h10min de filme temos uma biografia de um brasileiro que tem seus momentos de comédia e tragédia. Causou emoção a cena em que vemos Lula perder sua primeira família. Tempos depois ele conhece a futura primeira-dama, Dona Marisa, de uma maneira que arranca risos da platéia.
Os produtores dizem que o filme é uma homenagem a uma mãe que lutou por seus filhos, desviando as atenções de conotações políticas. É fato que o filme retrata a saga de Dona Lindu, mas há mesmo conotação política no filme? Bom, a dica é assistir e formar sua própria opinião. Antes de qualquer posicionamento político vale à pena conferir a história de alguém que lutou e alcançou seus objetivos. “Lula – o filho do Brasil” estará nos cinemas a partir do dia 1° de janeiro de 2010.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CLIPPING - Estão falando da gente, por aí!

As denúncias do Cultucando já estão começando a repercurtir no mundo da Internet. A matéria sobre o descaso com o Museu do Mamulengo, em Olinda, feita pelo repórter cabra quente José Vito Araujo já está no blog O Nordeste, desde o dia 09 de novembro. Parabéns, Vito!


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Repentistas de Olinda fazem repente para o Blog Cultucando

O blog Cultucando foi às ruas do Alto da Sé, em Olinda, com a intenção de fazer um vídeo que mostrasse toda a riqueza da cultura pernambucana. E foi através dos repentistas Siriema e Manoel Bezerra de Lima que achou a melhor forma de dizer os objetivos do blog. Assistam agora e não deixem de comentar.


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pernambuco e as músicas que mais nenhuma terra tem.

Por Marina Didier

"Fazer música em Pernambuco sempre foi muito difícil e ainda é. Existe o produto, mas não a demanda”. Esse foi o desabafo do percussionista Gustavo Amorim, que toca no Quarteto Olinda, um grupo de forró pé-de-serra rabecado. E isso que ele falou não é novidade para ninguém. A música pernambucana possui uma variedade de ritmos e estilos, e é um grande atrativo do estado, no entanto é um ponto que nunca foi devidamente explorado. São poucos os que conseguem espaço para a divulgação do trabalho em outras regiões.

É verdade que o governo apóia os músicos dando subsídios em algumas situações, como na gravação de um Cd, por exemplo. Mas, ainda não existe uma política de divulgação massificada. “Dessa forma, várias vezes o produto é concluído, mas fica dentro do estado”, afirma Guga. Além disso, mesmo com a obra pronta, em Pernambuco ainda não existe espaço, e as rádios não tocam as bandas locais, com exceção de algumas poucas, já consagradas, que estão na mídia.

O que acontece na maioria das vezes é que os grupos musicais daqui atingem apenas um público seleto, que já acompanha essa cena através da divulgação virtual e assistindo shows, geralmente organizados pelas próprias bandas. “Hoje o governo e as prefeituras tem produzido alguns eventos, que, apesar de serem sazonais, também estão dando mais visibilidade”, disse Guguinha, como é conhecido no meio.

No entanto, a situação nem sempre foi assim. Há aproximadamente dez anos, não existia nenhum tipo de apoio por parte das entidades governamentais e os artistas tinham que tirar o dinheiro do próprio bolso para produzir festas nas quais “o público nem entendia a necessidade de ter que pagar entrada, pois não assimilava que aquilo era um trabalho elaborado pelos próprios músicos que viviam disso”.

Depois do movimento do mangue beat, nos anos 90, com artistas como Chico Science, Otto e Mestre Ambrósio, é que a música pernambucana ganhou mais visibilidade e foi percebida em sua diversidade e criatividade. Do samba ao Hardcore, do maracatu de baque solto ao rock, o pop, o frevo, o caboclinho, o urso, o baião e o xote. Que outro lugar possui tantas opções de gêneros, ritmos e estilos assim? Infelizmente ainda precisamos de mais reconhecimento, mas “não podemos desanimar, a música de Pernambuco muitos lugares ainda tem que conquistar”.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Licores para todos os gostos


Por Jaime Mitchell

Olinda, conhecida como a Cidade Alta por causa das ladeiras, tem nas ruas diversos lugares de atração. Um desses pontos é a Licoteria Noctivagos que fica na esquina das ladeiras São Bento e Treze de Maio. O dono do estabelecimento é Fernando Guimarães, 64 anos. As pessoas param no local para experimentar os diversos tipos de licores que são fabricados artesanalmente por Fernando.

Os clientes podem experimentar quase todos os sabores que imaginarem. São produzidos licores de leite, café, menta, cajá, jenipapo, pitanga, banana com canela e outros que nem se espera encontrar. Outros tipos de bebidas também são servidos no local, como vinho, cachaça e cerveja.

A tradição de produzir licores, segundo Fernando, começou com a bisavó dele em Portugal. “Os escravos faziam para comemorar as festas. Não seria nem licor, porque eles cozinhavam as frutas. Ela aprendeu vendo os escravos fazendo”, contou. A forma de produção artesanal foi sendo passada até chegar nele, que hoje recebe prêmios pelos licores feitos. “O licor de leite é o mais premiado.”

Os preços dos licores variam. O cliente pode levar para casa uma garrafinha artesanal por R$8. Tem também tamanhos maiores por R$15 e R$20. O local é aconchegante, tendo espaço no andar de cima para algumas exposições artísticas pra quem se interessar em divulgar trabalhos.

Contato com os bonecos conquistou funcionário

Por José Vito Araujo

Gilvan Pereira Barbosa, 45, trabalha desde 2006 no Museu do Mamulengo como guia. Ele está tão envolvido com o espaço que descobriu habilidades que não conhecia e já pensa em ser um mestre bonequeiro, representando através de personagens a realidade de sua família. Nas horas vagas, Gilvan tenta reproduzir os instrumentos usados pelos mestres na confecção de seus bonecos e, mesmo sem curso de restaurador, recupera peças quebradas ou degradadas pela ação do tempo. Gilvan é Guarda Municipal de Olinda.

“Não adianta trabalhar em um lugar e não ter amor pelo que faz. Hermilo Diz: os bonecos ganham vida no espaço Tiridá. Tenho que dar vida a eles”, sentenciou Gilvan, citando Hermilo Borba Filho, um dos incentivadores do Grupo Teatral Mamulengo Só-riso, do criador do Museu Fernando Augusto Gonçalves. Fernando reuniu grande parte do acervo atual do museu em andanças pelo interior do nordeste no intuito de preservar a cultura dos bonequeiros. Depois vendeu as peças para a Fundação Joaquim Nabuco.

Apresentando o Museu, Gilvan Pereira mostra com carinho o boneco do Professor Tiridá, personagem criado pelo mestre Ginu e recriado por Nilson de Moura e mestre Babá da Paraíba, que é homenageado pelo museu e peça querida do criador Fernando Gonçalves, assim como a boneca Dona Olinda Holanda Olindamente Linda. Gigantesca, a boneca recebe os visitantes de braços abertos bem na recepção do espaço Tiridá.



Gilvan nutre a esperança de um dia também expor seus bonecos no museu, mas vai ter que fazer muito bonito para conseguir isso. A artista plástica e diretora do Espaço Tirida, Teresa Costa Rego, disse que qualquer um pode fazer um boneco, mas nem todos os bonecos podem ocupar as prateleiras do museu. Falando sobre a proposta da instituição, Teresa afirmou que a ideia é que as pessoas saiam levando alguma mensagem do museu. A prioridade é difundir a cultura dos bonequeiros para as crianças, sendo a visita de colégios o principal foco da administração. O Museu dos Mamulengos é um dos mais visitados do estado.

Museu do Mamulengo é deixado para depois pela Prefeitura de Olinda


Por José Vito Araujo

O Museu do Mamulengo, único sob administração do município de Olinda e primeiro do Brasil e da América Latina a preservar a cultura dos mestres bonequeiros, passa por problemas. A sede da entidade, que ficava na rua do amparo, apresentou problemas estruturais graves, o que obrigou a prefeitura a alugar um prédio, onde funciona temporariamente.

A quantidade funcionários é deficitária e faltam verbas para necessidades básicas da instituição, também chamada de Espaço Tiridá. A diretora do Museu do Mamulengo, a artista plástica Teresa Costa Rego, que também é funcionária do Governo Municipal de Olinda, informou que a prefeitura, já há alguns anos, vem deixando os assuntos do museu para segundo plano.

Para Teresa, que é filiada ao PC do B, partido da ex-prefeita Luciana Santos e do atual mandatário de Olinda Renildo Calheiros, a confiança em que o amor dos que fazem a instituição vai suprir as dificuldades é uma das causas para isso. “Sou integrante do partido, conheço Luciana e o prefeito é meu amigo pessoal. Eles acreditam que artista é tudo doido, vai lá e resolve os problemas. E eu resolvo mesmo, mas estou cansada de resolver sozinha”, disse. Teresa Costa Rego, que já foi secretária de Cultura na administração de José Arnaldo, pagou do próprio bolso o material para a decoração atual do museu, que deveria trocar sua exposição principal de três em três meses, mas não modifica as peças de seu acervo postas em visitação há dois anos. O número e a capacitação dos funcionários também é um problema. “Digo sempre que para fazer hospitais, precisa-se de médicos. Para fazer escolas, precisa-se de professores. Para o museu, são necessários museólogos, historiadores e mamulengueiros”, comentou Teresa. Devido a algumas demissões, ocasionadas pela recente mudança de gestão na Prefeitura, o quadro de funcionários tem de seis a sete pessoais trabalhando.

Na visita feita pela nossa reportagem ao Espaço Tiridá, apenas um guarda municipal se dividia entre apresentar a exposição e cuidar da segurança. O Museu do Mamulengo tem uma espécie de conselho diretor, que, além da Prefeitura de Olinda, é formado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Fundação Joaquim Nabuco- que é dona do acervo do museu e tem com a Prefeitura um contrato de comodato – e o grupo Mamulengo Só-riso, encabeçado por Fernando Augusto Gonçalves, criador do museu. A diretora Teresa Costa Rego, também integrante do Só-riso, informou que o conselho não se reúne há mais de um ano, principalmente pela dificuldade de juntar todos os membros.

O Museu do Mamulengo espaço Tiridá tem um acervo de mais de 1500 bonecos, entre trabalhos atuais de mestres como Saúba e Sólon e peças anônimas do século dezenove. E ainda uma exposição exclusiva de mamulengos feitos e doados por Mestre Salustiano antes de morrer. Os Bonecos foram restaurados e se constituíram, segundo a direção, na primeira homenagem póstuma ao Pernambucano. A instituição é referência para estudos em todo o mundo, recebeu mais de 200 mil visitantes e já expôs em vários pontos do planeta.